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15 de dez. de 2011

Crítica: 11º Panorama Sesi de Dança

Folha de S.Paulo - 15 de dezembro de 2011

    Panorama Sesi de Dança apresenta vitrine de diversidade 
    Final de ano é época de fazer balanço dos acontecimentos. Na dança também é assim, algumas mostras são dedicadas às produções recentes e expõem os caminhos trilhados por profissionais da área.
    Nessa lógica, o Panorama Sesi de Dança, em sua 11º edição, reuniu oito espetáculos bem diferentes. Diversidade que dá uma ideia do quanto a dança se expandiu no Brasil e fora dele.
    A boa novidade na edição é a companhia suíça Alias, dirigida pelo brasileiro Guilherme Botelho. O coreógrafo fez carreira na Europa, e até então, é pouco conhecido por aqui.
    Os dois espetáculos trazidos, “Le Poids des Éponges” (2002) e “Sideways Rain” (2010), captam dois momentos distintos de Botelho. O primeiro se aproxima de dança-teatro com recursos surpreendentes,

11 de nov. de 2011

Crítica: "Área Reescrita" - J.Gar.Cia Dança Contemporânea

Foto: J.Gar.Cia Dança Contemporânea em "Área Reescrita" - © Silvia Machado

    Formas de ocupação dos espaços é tema em "Área Reescrita"
   O espaço que a dança ocupa é determinante no seu resultado. Essa sentença se afirma na peça “Área Reescrita” – última produção da J.Gar.Cia de Dança Contemporânea.
    Desde a sua estreia, há um ano, é a terceira vez que o trabalho está em cartaz. Sempre em locais não convencionais. Logo, a cada temporada, o espetáculo se adapta a uma nova instalação. 
    As realocações combinam muito com o assunto que a companhia aborda. Os bailarinos pesquisaram nas ruas de São Paulo: o vai-e-vem dos transeuntes, o barulho polifônico da cidade e as figuras inusitadas. Tudo virou material de criação para as cenas. 
    O lugar dessa vez é o Centro Cultural Rio Verde (os anteriores foram Teatro Oficina e porão do Centro Cultural São Paulo). A primeira parte de “Área...” se passa na varanda do espaço. 
    O público entra e os bailarinos já estão por ali, cumprimentam os conhecidos, observam e caminham. O

25 de out. de 2011

Crítica: "Tatyana" - Cia. de Dança Deborah Colker

Foto: Cia. de Dança Deborah Colker em "Tatyana" - © Jane Hobson

    Virtuose de Colker se mostra sem vigor ao narrar obra clássica
    Assistir um espetáculo da Companhia de Dança Deborah Colker é assitir um grupo que domina um alto nível de dificuldade técnica. O que não garante uma dramaturgia bem-sucedida. 
    “Tatyana”, a nova coreografia de Deborah Colker, é inspirada na obra “Evguêni Oniéguin”, de Aleksandr Serguéievitch Púchkin (1799 - 1837), considerado fundador da literatura russa moderna. 
    O romance trata da narrativa de Oniéguin, um jovem cosmopolita que recusa o amor de Tatyana, uma camponesa. Anos mais tarde, reencontra-a transformada em uma bela dama. Dessa vez ele se apaixona, porém ela está casada. Logo, é a vez dele ser rejeitado. 
    Qualquer semelhança com enredos de novela não é por acaso: a crônica do amor rejeitado se tornou
popular nos folhetins. 
    Presente no imaginário comum, esse tipo de narrativa parece ser de fácil compreensão. Todavia, para a

17 de out. de 2011

Crítica: "Vertical Road" e "Gnosis" - Akram Khan Company

Foto: Akram Khan Company, espetáculo "Vertical Road" - © Richard Haughton


    Dança de Akram Khan se destaca ao falar de espiritualidade
Em passagem rápida por São Paulo, Akram Khan Company apresentou duas excelentes produções
    Religião não se discute. Porém, é fato que o assunto “Deus” se tornou inerente à humanidade. Na dança, poucos artistas ousam tocar essa questão como faz o coreógrafo Akram Khan.
    Com os espetáculos, “Vertical Road” (2010) e “Gnosis” (2009), o britânico de família indiana fala de espiritualidade sem precisar se posicionar contra ou a favor de uma religião específica.
    Inspirado na filosofia Sufi, que resumidamente é um conjunto de práticas rituais realizadas com o intuito de autoconhecimento, Khan buscou a complexidade embutida nesse ambiente para transformá-lo em dança.      “Vertical Road” mostra a ligação do homem com a divindade: os bailarinos fazem movimentos que

29 de set. de 2011

Crítica: "Marguerite e Armand" - Ana Botafogo

Foto: Ana Botafogo e Federico Fernández em "Marguerite e Armand" - © Herique Pontual

    Botafogo se afirma como dama do balé clássico brasileiro
    A bailarina Ana Botafogo (54) esteve em São Paulo para comemorar os seus 35 anos de carreira, e também, 30 anos de atuação como primeira-bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. 
    Especialmente para a ocasião, encenou a peça “Marguerite e Armand”, de Frederick Ashton (1904 - 1988), inspirada no livro “A Dama das Camélias” do francês Alexandre Dumas (1824 - 1895).
    A primeira versão do balé foi concebida por Ashton em 1963 e criada por encomenda para as estrelas da época – Margot Fonteyn (1919-1991) e Rudolf Nureyev (1938-1993). 
    Sonho de bailarinas clássicas, dançar obras como “Giselle”, “O Lago dos Cisnes”, “Romeu e Julieta”, “O Quebra-Nozes”, entre outras, peças que estão no repertório da bailarina carioca.
    Para quem no balé fez tantos papéis de donzelas românticas, interpretar a cortesã de “A Dama das

10 de set. de 2011

Crítica: 7ª Bienal SESC de Dança

Folha de S.Paulo - 10 de setembro de 2011

    Bienal SESC de Dança apresenta vários caminhos para a dança contemporânea 
    Na 7° Bienal SESC de Dança, ocorrida em Santos entre os dias 2 e 8, foi possível acompanhar um trecho relevante dos caminhos da dança contemporânea. Caminhos que têm as mais diversas direções. 
    A dança contemporânea é uma arte que, assim como outras, tem fronteiras que a definem como linguagem específica, diferenciando-a de outras manifestações artísticas. Isso não impede, porém, a expansão contínua de seus limites.
    Baseados em inquietações pessoais ou questões sobre lacunas da sociedade de consumo, muitos artistas propõe para o território da dança contornos inesperados.
    Trabalhos de vários períodos e países foram apresentados no SESC, em teatros da cidade e em espaços

25 de ago. de 2011

Crítica: "O Lago dos Cisnes" - Ballet Kirov

Folha de S.Paulo - 25 de agosto de 2011  

    Kirov faz espetáculo morno com jovens em SP 
Tradicional companhia russa de balé se apresenta sem elenco principal; equipe mais experiente está em férias
    Como olhar para o romântico balé “O Lago dos Cisnes” dançado pelo célebre Ballet Kirov, e não se deslumbrar? 
    Essa é a questão que pode rondar o pensamento do público que foi assistir a tradicional companhia russa.
    Verdadeiros artistas da dança saltaram da Rússia para o mundo através do Kirov, escola de grandes nomes do balé, como Vaslav Nijinsky (1890-1950) e Anna Pavlova (1881-1931). 
    A companhia tem por fundamento manter a tradição das montagens de balé clássico. A união entre

11 de ago. de 2011

Crítica: "Sem Mim" - Grupo Corpo


Folha de SP - 11 de agosto de 2011

    Grupo Corpo afirma seu grau de excelência na dança com “Sem mim”
    Ondas que levam tristezas, trazem alegrias. Na costa do Mar de Vigo, região da Galícia, o Grupo Corpo buscou material poético para criar “Sem Mim”, seu novo trabalho. 
    Do outro lado do oceano trouxeram a poesia galego-portuguesa das “cantigas de amigo”, do poeta Martín Codax (século 13), nelas estão reveladas as lamentações das mulheres que viam seus homens partirem ao mar sem saber se iriam voltar.
    As canções trovadorescas chegaram ao Brasil na época da colonização, sua melodia e métrica foram absorvidas e recriadas no ambiente de misturas brasileiro. 
    O rico encontro musical das diferentes culturas gerou a trilha composta por Carlos Núñez e José Miguel Wisnik. A musicalidade considerada típica brasileira é assunto recorrente na dança ou no teatro, porém dificilmente se consegue fugir dos clichês aos quais essa temática está condicionada.
    “Sem Mim” se afasta do óbvio ao apresentar uma pesquisa pautada no elo de ancestralidade entre Europa e América, destrinchando-o na sonoridade contemporânea. 
    O lirismo feminino presente nas “canções de amigo” encontra seu referencial na música popular brasileira, o que fica visível nas junções instrumentais e vocais. O mesmo refinamento acontece na movimentação. A companhia realiza com maestria o transito de informações que, vale lembrar, serve como princípio condutor da formação de uma cultura mestiça. 
    A dança do Corpo tem por excelência a característica rítmica brasileira somada ao balé clássico. Os movimentos sinuosos aparentes principalmente na coluna e quadril dos bailarinos lembram a ondulação do mar, mas também remetem ao “gingado” do samba marcado pelo pandeiro.
    Em cenas delicadas, a notável sensibilidade se afirma como assinatura do coreógrafo Rodrigo Pederneiras. 
    O conjunto de coreografia, trilha sonora, cenografia e figurino desenham a estética virtuosa da obra que guarda extrema coerência com a linguagem lapidada por mais de 30 anos de existência do grupo.

Avaliação: Ótimo


25 de jul. de 2011

Crítica: 6º Mostra "Dança em Foco" no Sesc Pinheiros

Folha de S.Paulo - 25 de julho de 2011


    Corpo ganha nova leitura em formato vídeo
Obras apresentadas na mostra Dança em Foco reinventam modos de olhar e de conceber o fazer coreográfico
    São poucas as oportunidades para se conhecer a extensa gama de artistas que produz videodança no mundo. Com uma rica série de obras inéditas, esse panorama pode ser visto na 6º edição do projeto “Dança em Foco”, que segue no Sesc Pinheiros até o dia 31. 
    A produção de videodança se intensificou no Brasil a partir dos anos 90. A linguagem, que começou com ar experimental, hoje conquistou espaço em festivais e conta com profissionais das artes plásticas, do audiovisual e da dança.
    As obras se caracterizam pela fusão entre dança e vídeo. No encontro do suporte audiovisual com a

9 de jul. de 2011

Crítica: "Nos Outros" e "Cidade Incerta" - Balé da Cidade de São Paulo

                                                                  

                                      

  Folha de SP - 09 de julho de 2011 

    Obras díspares enriquecem o repertório do Balé da Cidade
    “Nos Outros” e “Cidade Incerta”, são os novos trabalhos do BCSP (Balé da Cidade de São Paulo). O primeiro, assinado por Lara Pinheiro – diretora da companhia –, foca na exploração de movimentos e nas possíveis trocas e espelhamentos ocorridas entre os bailarinos.
    Por mais que se procure, não se encontrará nessa coreografia questionamentos existenciais ou alguma temática da vida cotidiana que vá além da própria dança. 
    É uma proposta em que o BCSP investiga aquilo de que ele dispõe como repertório de movimentação.
    Dançando, o grupo fala sobre a sua forma específica de dançar.
    O espetáculo só esbarra na falta de nuances no ritmo. A peça fica em uma pulsação que pouco varia a

26 de mai. de 2011

Crítica: "Tão Próximo" - Quasar Cia de Dança

Folha de SP - 26 de maio de 2011

    Quasar Cia de Dança fica no senso comum ao explorar questão sobre a intimidade 
    “Tão Próximo”, da Quasar Cia de Dança, vem com o intuito de expor o ambiente íntimo das relações humanas, com coreografia de Henrique Rodovalho, que esta à frente da companhia desde sua fundação, em 1988.
    A intimidade, à primeira vista, demonstra-se na composição dos elementos ao entorno. No cenário, um tapete felpudo e branco. No figurino, poucas peças e roupas íntimas. 
    A movimentação oferece algumas pistas sobre o tipo de intimidade abordada. Os bailarinos se revezam nas cenas, onde são criadas relações condicionadas por pequenas resistências. Um bailarino conduz o outro

19 de mai. de 2011

Crítica: "Objeto Gritante" - Mauricio de Oliveira & Siameses


Folha de SP - 18 de maio de 2011


    “Objeto Gritante” cria poética sobre as máscaras sociais humanas 
    Nova coreografia da companhia Maurício de Oliveira & Siameses traz parceria com trabalho de Duda Paiva
    Em sua 6º edição, o programa Artista da Casa, do Teatro de Dança, apresenta o espetáculo “Objeto Gritante” de Maurício de Oliveira & Siameses, em parceria marcante com Duda Paiva e seus bonecos de espuma.
    É um trabalho que brinca com as concepções rígidas sobre identidade e as inegáveis máscaras compartilhadas no convívio social. 
    Logo na primeira cena; o bailarino Ditto Leite encarna o papel de uma espécie de fêmea animal indistinta. A figura andrógina, sob a luz ainda soturna do início, causa dúvidas.
    “Objeto Gritante” continua sua cena enigmática trazendo à luz corpos desconstruídos e membros

7 de mai. de 2011

Crítica: "Paraíso Perdido" - Balé da Cidade de São Paulo

Folha de S.Paulo - 7 de maio de 2011

    “Paraíso Perdido” explora desejos animalescos do ser humano
Balé da Cidade de São Paulo tem coreografia do grego Andonis Foniadakis inspirada em obras de Bosch
    O pintor Hieronymus Bosch (1450-1516) empresta suas cores obscuras à dança de “Paraíso Perdido”, o novo espetáculo do Balé da Cidade de São Paulo, que trouxe o grego Andonis Foniadakis para coreografar o grupo de 31 bailarinos. 
    Seres fantásticos, meio homem meio bicho, corpos semi nus, movimentação frenética, gritos e grunhidos. Essa é a imagem capturada das obras de Bosch e regurgitada em cena. Um paraíso infernal repleto de prazeres carnais. 
    Por ironia, o espetáculo do Balé estreou justo em uma semana onde estão em pauta mundial, questões

26 de abr. de 2011

Crítica: "Sete e a Mesa" - Cia. Danças

Folha de S.Paulo - 26 de abril de 2011

    Tensão de “Sete e a Mesa” perde força na indefinição de suas problemáticas
    Clima nebuloso, luz baixa, uma mesa e sete pessoas. Esse é o ambiente inicial de “Sete e a Mesa” (2003), espetáculo da Cia. Danças – companhia paulistana criada por Claudia de Souza, em 1996.
    A cena sombria é proposital, pois está para revelar um jogo de tensões. Jogo que denota relações de possíveis perigos e conflitos nos encontros e desencontros dos corpos.
    Por vezes, os sete bailarinos apresentam situações aparentemente perigosas. Por exemplo, o momento em que o bailarino Junior Gonçalves fica vendado em cima da mesa, caminha até perder o contato e cair no chão. 
    É comum ver nas produções de arte contemporânea, cenas em que o artista se coloca em situação real

16 de abr. de 2011

Crítica: "Ten Chi" - Pina Bausch

Folha de SP - 16 de abril de 2011

    “Ten Chi” coreografa Japão leve e risonho
Espetáculo da companhia Tanztheater Wuppertal foi criado durante estadia dos bailarinos no país, em 2004
    Em tempos em que o Japão sofre com desastres naturais, a Companhia Tanztheater Wuppertal de Pina Bausch (1940-2009) apresenta um Japão leve e risonho em “Ten Chi” – obra de 2004 que teve sua estréia agora no Brasil.
    “Ten Chi” é uma da série de coproduções que Pina fez com países diferentes. Essa, em específico, foi com a cidade japonesa de Saitama, onde o grupo realizou pesquisa de campo.
    O resultado cênico dessa pesquisa se configura como um álbum fotográfico, no qual o público pode

1 de abr. de 2011

Crítica: "Legend" e "Inquieto" - São Paulo Companhia de Dança

Folha de SP - 01 de abril de 2011

    O clássico e o contemporâneo da São Paulo Companhia de Dança
Com dois novos espetáculos, a cia demonstra que a multiplicidade é seu forte
    A SPCD (São Paulo Companhia de Dança) estreou dois novos espetáculos no último final de semana. “Legend” (original de 1972) de John Cranko (1927-1973) e “Inquieto” de Henrique Rodovalho, atual diretor artístico e coreógrafo da Quasar Cia. de Dança.
    “Legend” é um pas de deux neoclássico que impressiona por sua dificuldade técnica. Há momentos onde o equilíbrio entre os dois intérpretes é muito sútil, denota uma leveza que vai de encontro ao lirismo presente nos balés românticos.
    “Inquieto”, por sua vez, traz as inquietudes humanas traduzidas em movimentos articulados e

10 de mar. de 2011

Crítica: "Penetráveis" - Cia. Mariana Muniz

Folha de SP - 10 de março de 2011

    Hélio Oiticica cede munição autoral à Cia. Mariana Muniz
    As obras do artista plástico carioca Hélio Oiticica (1937-1980) são fonte inspiradora de muitos artistas da cena contemporânea.
    Atualmente, quem bebe dessa fonte é a Cia. Mariana Muniz de dança. O grupo, que já tem no currículo espetáculos "Parangolés" (2007) e "Nucleares" (2008), completa agora a trilogia em "Penetráveis".
    Em "Penetráveis", o verbo é jogar. O jogo é contornado pela narrativa um tanto cômica de Mariana Muniz, misturada à trilha sonora de Ricardo Severo e Loop B, que evoca a brasilidade musical das escolas de samba.
    A partir dessa premissa do joguete, a companhia se dispõe a pesquisar as mais diversas possibilidades de

5 de mar. de 2011

Crítica: "SÓS" - Key Zetta e Cia.

Folha de SP - 05 de março de 2011


    Key Zetta e Cia. constói vácuo a partir de Samuel Beckett
    A pesquisa artística do espetáculo "SÓS", da Key Zetta e Cia., começa nos textos "Fim de Partida" e "Primeiro Amor", de Samuel Beckett (1906-1989).
    Imersos nessa escrita, os seis criadores-intérpretes encontram literalmente o ritmo de sua dança.
    O trabalho fala sobre a condição humana e subjetiva de estar só.
    Pode-se dizer que isso gera o sentimento de solidão presente, de modo mais gritante, nos habitantes dos grandes centros urbanos.
    E, inevitavelmente, o trabalho aponta para essa condição em relação à dança contemporânea.

1 de mar. de 2011

Crítica: "Beije Minha Alma" - Cia. Fragmento de Dança

Folha de S.Paulo - 1 de março de 2011


    "Beije Minha Alma" peca por falta de contexto brasileiro
    Tracey Emin é uma artista plástica britânica que no final dos anos 90 causou polêmica devido as suas obras, vistas pelos ingleses como ousadas.
    A obra "My Bed" (1998), por exemplo, causou furor por mostrar a própria cama da artista desarrumada e suja, com resquícios de um momento de total desalento da artista.
    Foi principalmente nessa obra de Tracey que a Cia. Fragmento de Dança baseou a criação do espetáculo "Beije Minha Alma".
    A coreografia de Vanessa Macedo, diretora do grupo, se compromete a expor o universo íntimo do ser

17 de fev. de 2011

Crítica: "À Flor da Pele" - Balé Teatro Castro Alves


Folha de S.Paulo - 17 de fevereiro de 2011


    Coreografia de "À Flor da Pele" relembra obra de Pina Bausch
    O BTCA (Balé Teatro Castro Alves) não vem para inovar a dança contemporânea, mas coloca em cena questões importantes que devem ser repensadas.
    A companhia é formada por bailarinos com idades entre 35 e 60 anos, o que é um ponto que chama atenção.
    No Brasil, o comum de companhias de dança que tenham um número grande de bailarinos sempre foi bem diferente.
    Por muito tempo, a juventude imperou como um requisito fundamental para o profissional de dança estar no palco.
    O BTCA, prestes a completar 30 anos de existência, mostra que a idade não é empecilho para a

10 de fev. de 2011

Crítica: "Corpo Vivo - Carrossel das Espécies" - Cia. TeatroDança Ivaldo Bertazzo

Folha de S.Paulo - 10 de fevereiro de 2011

    Bertazzo investe no lúdico em "Corpo Vivo"
Novo espetáculo aborda as diferenças e semelhanças entre seres humanos e outros animais com bom humor
    "Corpo Vivo - Carrossel das Espécies" é o mais recente trabalho que o diretor e coreógrafo Ivaldo Bertazzo desenvolveu junto com a sua Cia. TeatroDança Ivaldo Bertazzo.
    Trata-se de um espetáculo que mescla teatro, dança e canto e aborda, por meio da convivência entre essas linguagens, indagações sobre a evolução da espécie humana em comparação com a evolução de outras espécies animais.
    A linguagem proposta por Bertazzo se mostra no esforço de estreitar a relação entre público e espetáculo, no sentido de cativar pessoas não habituadas a ir ao teatro para assistir a dança. Por isso, tende a potencializar a formação de uma nova plateia.
    É um espetáculo lúdico de linguagem narrativa e acessível, portanto atraente aos olhos dos mais diversos espectadores.
    A ponte que se estabelece entre teatro, dança e canto se diferencia da linguagem já tradicional dos musicais por apresentar cenas de dança alinhavadas pela narrativa teatral do carismático Rubens Caribé e pontuadas por canções na linda voz da meio-soprano Regina Elena Mesquita.
    De singular, há uma convivência mútua e de dramaticidade leve entre as manifestações artísticas distintas, sem a pretensão de fundi-las a ponto de gerar nova linguagem.
MUTIRÃO
    As cenas trazem representações de diversas espécies animais, e o interessante é ver que o cavalo, o pássaro ou o peixe, assim como outros animais, não aparecem na dança de forma mímica.
    Os movimentos dos animais não são, em suma, apenas imitados. São traduzidos em movimentos específicos da dança. É possível reconhecer referências animalescas ressaltadas também nos figurinos e na presença de bonecos manipulados pelos próprios bailarinos.
    É indispensável ressaltar que uma das particularidades mais marcantes das coreografias de Bertazzo está presente nessa obra.
    São 18 jovens bailarinos em coreografias coletivas que criam uma imagem de mutirão.
    Vários bailarinos dançando juntos causam um impacto visual que poucos recursos cênicos conseguem atingir, e isso se sobressai à falta de solos e duos de execução técnica virtuosa.
    Em "Corpo vivo - Carrossel das Espécies", mais uma vez Ivaldo Bertazzo demonstra o quão bem funciona sua escolha coreográfica mediante um público tão diversificado.

Avaliação: Bom