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Folha de S.Paulo - 26 de abril de 2011 |
Tensão de “Sete e a Mesa” perde força na indefinição de suas problemáticas
Clima nebuloso, luz baixa, uma mesa e sete pessoas. Esse é o ambiente inicial de “Sete e a Mesa” (2003), espetáculo da Cia. Danças – companhia paulistana criada por Claudia de Souza, em 1996.
A cena sombria é proposital, pois está para revelar um jogo de tensões. Jogo que denota relações de possíveis perigos e conflitos nos encontros e desencontros dos corpos.
Por vezes, os sete bailarinos apresentam situações aparentemente perigosas. Por exemplo, o momento em que o bailarino Junior Gonçalves fica vendado em cima da mesa, caminha até perder o contato e cair no chão.
É comum ver nas produções de arte contemporânea, cenas em que o artista se coloca em situação real
de perigo com alto grau de imprevisibilidade. Mediante o público, pode causar impacto e controvérsias.
de perigo com alto grau de imprevisibilidade. Mediante o público, pode causar impacto e controvérsias.
Enfrentar um perigo em vez de representá-lo, a fim de suscitar no espectador uma reflexão ou reação mais contundente, é característica reincidente na dança contemporânea.
Trocando em miúdos, no contexto social cosmopolita, onde cotidianamente vivemos a iminência da violência e suas tensões, torna-se temática explorar no palco as crises vividas fora dele, traduzindo-as, nesse caso, em dança.
REGRAS DO JOGO
Em “Sete e a Mesa”, a tensão começa tonificante, mas se perde na indefinição de suas problemáticas.
O conflito que poderia ser inquietante fica em um lugar confortável na coreografia construída a partir da técnica do grupo que faz aulas de balé clássico, dança moderna e capoeira.
Conforme o jogo cênico se estende, quem assiste inevitavelmente tenta encontrar as regras que o regem; porém, essas não são facilmente reconhecíveis.
Há uma espécie de disputa por espaço que não se define nem passiva nem ofensiva. Existem acordos e poucos desacordos, o que dissolve a atmosfera inicial.
O perigo é fugaz, passa como relâmpago, sem consequências e, logo, revela-se mais um movimento previsto do jogo. O grupo perde a chance de virar a mesa quando deixa de se arriscar nas imprevisibilidades que a discórdia pode gerar.
Avaliação: Regular