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Folha de S.Paulo - 17 de janeiro de 2013 |
Adaptação perde recursos preciosos do solo original
Um dos espetáculos mais comentados da cena paulistana de 2012 foi "Claraboia", solo encenado por Morena Nascimento e dirigido por ela e Andreia Yonashiro.
A ignição primordial da obra foi o deslocamento da perspectiva: o público assistia deitado à bailarina dançar através de um teto de vidro.
A ótima repercussão estimulou as diretoras a evoluir. Escolheram dez bailarinos, encontraram uma claraboia enorme, no Sesc Belenzinho, e criaram "Estudos para Claraboia". A proposta cênica em grupo também traz o deslocamento da perspectiva e os recursos cênicos do solo, todos em escala maior.
Porém, com a transformação, perdeu-se o que o solo de Morena tinha de mais precioso: a poética das
imagens.
As cenas, antes, revelavam a sutileza da composição entre corpo, objetos e música. Levavam o espectador a um território sensorial habitado pela mesma matéria dos sonhos - imagens surreais que lembram efeitos cinematográficos.
Agora, as cenas são uma profusão de entradas e saídas de bailarinos em relação frenética com objetos. Não há tempo para contemplação. Por vezes, alguns momentos dialogam com a linguagem desgastada dos videoclipes.
"Estudos para Claraboia" tenta pautar-se na riqueza da proposta solo inicial, mas falha ao priorizar as proporções arquitetônicas, que são um mero atrativo para o público.
Como todo estudo, a tendência é continuar evoluindo. Cabe tomar mais atenção ao próximo passo.
Avaliação: Ruim