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25 de ago. de 2011

Crítica: "O Lago dos Cisnes" - Ballet Kirov

Folha de S.Paulo - 25 de agosto de 2011  

    Kirov faz espetáculo morno com jovens em SP 
Tradicional companhia russa de balé se apresenta sem elenco principal; equipe mais experiente está em férias
    Como olhar para o romântico balé “O Lago dos Cisnes” dançado pelo célebre Ballet Kirov, e não se deslumbrar? 
    Essa é a questão que pode rondar o pensamento do público que foi assistir a tradicional companhia russa.
    Verdadeiros artistas da dança saltaram da Rússia para o mundo através do Kirov, escola de grandes nomes do balé, como Vaslav Nijinsky (1890-1950) e Anna Pavlova (1881-1931). 
    A companhia tem por fundamento manter a tradição das montagens de balé clássico. A união entre

11 de ago. de 2011

Crítica: "Sem Mim" - Grupo Corpo


Folha de SP - 11 de agosto de 2011

    Grupo Corpo afirma seu grau de excelência na dança com “Sem mim”
    Ondas que levam tristezas, trazem alegrias. Na costa do Mar de Vigo, região da Galícia, o Grupo Corpo buscou material poético para criar “Sem Mim”, seu novo trabalho. 
    Do outro lado do oceano trouxeram a poesia galego-portuguesa das “cantigas de amigo”, do poeta Martín Codax (século 13), nelas estão reveladas as lamentações das mulheres que viam seus homens partirem ao mar sem saber se iriam voltar.
    As canções trovadorescas chegaram ao Brasil na época da colonização, sua melodia e métrica foram absorvidas e recriadas no ambiente de misturas brasileiro. 
    O rico encontro musical das diferentes culturas gerou a trilha composta por Carlos Núñez e José Miguel Wisnik. A musicalidade considerada típica brasileira é assunto recorrente na dança ou no teatro, porém dificilmente se consegue fugir dos clichês aos quais essa temática está condicionada.
    “Sem Mim” se afasta do óbvio ao apresentar uma pesquisa pautada no elo de ancestralidade entre Europa e América, destrinchando-o na sonoridade contemporânea. 
    O lirismo feminino presente nas “canções de amigo” encontra seu referencial na música popular brasileira, o que fica visível nas junções instrumentais e vocais. O mesmo refinamento acontece na movimentação. A companhia realiza com maestria o transito de informações que, vale lembrar, serve como princípio condutor da formação de uma cultura mestiça. 
    A dança do Corpo tem por excelência a característica rítmica brasileira somada ao balé clássico. Os movimentos sinuosos aparentes principalmente na coluna e quadril dos bailarinos lembram a ondulação do mar, mas também remetem ao “gingado” do samba marcado pelo pandeiro.
    Em cenas delicadas, a notável sensibilidade se afirma como assinatura do coreógrafo Rodrigo Pederneiras. 
    O conjunto de coreografia, trilha sonora, cenografia e figurino desenham a estética virtuosa da obra que guarda extrema coerência com a linguagem lapidada por mais de 30 anos de existência do grupo.

Avaliação: Ótimo